Friday, May 18, 2007

Zenão

Cerca de 2000 anos antes de Newton, Zenão - díscipulo de Parménides - que defendia o conceito de imobilidade, arriscou a espectacular tirada, que mais parece um koan budista:

"A laranja ou está na árvore ou está no chão. Ninguém a vê cair".

Pretendia, talvez, elucidar-nos sobre os paradoxos do movimento e parece tê-lo conseguido.
Não faltam analogias com a Física Moderna.
Não há movimento, o tempo é uma ilusão; passado, presente e futuro coexistem. É o universo-bloco de Einstein, a quem Popper, carinhosamente apelidava de Parménides moderno, o que lhe agradava.
Por outro lado, a descontinuidade da matéria e energia, o salto quântico do electrão de um nível de energia para outro, fenómeno que ninguém sabe nem explica o que é.
O que acontece quando ninguém está a olhar? A realidade espraia-se numa espécie de nevoeiro indeterminista, mas pleno de potencialidades. Tudo é possível, apenas uma questão probabilística e quase sempre o mais provável acontece.
Quando alguém olha, a realidade é congelada num único acontecimento e todos os outros desaparecem como que por encanto.

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